Educação Empreendedora
Abaixo artigo publicado no Diário de Pernambuco em 24 de maio de 2016, escrito por Eduardo Carvalho, Diretor da ABA Global Education.
Educação Empreendedora
Peter Drucker, guru da administração, acreditava que empreendedorismo pode ser desenvolvido e aprendido. O empreendedor precisa de um conjunto de habilidades, e o indivíduo deve estar no lugar certo, no momento certo, com atitude adequada para que esse desenvolvimento ocorra.
O ecossistema de empreendedorismo representa a combinação de condições que moldam o contexto em que as atividades empreendedoras ocorrem. Entre elas, as políticas governamentais, o sistema de tributação, os modelos de ensino da escola e da universidade, os programas de treinamento, investimentos em pesquisa, as politicas para incentivar a transferência de know-how e a dinâmica do mercado. Empreendedorismo é um modo de pensar e agir.
Empreendedores são os agentes do progresso. Eles encontram a melhor maneira de fazer as coisas, pensando além das restrições das regras e dos recursos existentes. Eles têm senso de urgência; querem criar algo novo que os torne ricos; desenvolvem uma ideia a partir do zero e criam um empreendimento de sucesso que causa impacto socioeconômico.
O DNA dos empreendedores é composto por curiosidade, criatividade, intuição, percepção, motivação intrínseca, estímulo para assumir risco, autoconfiança, perseverança e ambição. Eles são questionadores, humildes para receber conselhos e sugestões, incentivados a empreender fora da zona de conforto, lifelong learners (eternos aprendizes) e intolerantes com a burocracia.
No seu livro, Cinco Mentes para o Futuro, Howard Gardner, da Harvard University, diz que os problemas tradicionais podem ser resolvidos com uma mente, a “mente disciplinada”. Entretanto, para resolver problemas complexos que motivam o empreendedor, são requeridas mais quatro outras mentes: sintetizadora, criadora, respeitadora e colaborativa com princípios morais.
O processo de aprendizagem para o empreendedorismo acontece desde criança, mas essa criança precisa vivenciar um ecossistema educacional cuja escola não seja da era industrial. A escola deve ter o propósito de desenvolver as habilidades do século 21, ingredientes básicos para o DNA empreendedor; ter métodos de ensino baseados em projetos PBL; e um desejável programa curricular de empreendedorismo.
O acesso ao conhecimento e a referências globais criam oportunidades extraordinárias para a gestação de ideias empreendedoras. Participar de networks globais, conversar com pessoas de várias formações, culturas e experiências e viajar pelo mundo são outros elementos essenciais para a educação empreendedora.
A universidade que os futuros empreendedores devem frequentar está integrada com o mundo empresarial; e precisa discutir problemas nacionais e internacionais complexos. É crucial também que os alunos tenham permissão para cursar disciplinas de outras escolas (Think outside the building) e possam se graduar em mais de uma especialidade.
Faz-se necessário, sobretudo, que a universidade tenha um centro de empreendedorismo que promova regularmente desafios para todos os alunos; e realize fóruns de interação entre disciplinas e negócios. As nações que se diferenciam na competição global investem em modelos como o exposto e criam capacidade inovadora e empreendedora em escala global. O ecossistema educacional deve ser capaz de tornar os alunos economicamente independentes e cidadãos globalmente responsáveis.
Educador é autor do projeto Desenvolvendo Cidadãos Globais, por Harvard University