Repensar o sistema educacional
Abaixo artigo publicado na Folha de Pernambuco em 7 de maio de 2016, escrito por Eduardo Carvalho, Diretor da ABA Global Education.
Repensar o sistema educacional
Vivenciamos cada vez mais um processo de crescente globalização que resulta em grande transformação social, política e econômica, e impacta as relações pessoais e transações comerciais em extensão, intensidade e dinamismo. Gradativamente, os problemas que enfrentamos requerem mais conhecimento e cooperação internacionais num ambiente de competitividade global.
É fundamental que esse contexto seja formado por pessoas, líderes e empreendedores educados para a consciência e ação globais. Tal conjunto é essencial para construir capacidade de inovação sistêmica e criar o mais poderoso ativo para a competitividade de uma organização e de uma nação, possibilitando o crescimento econômico, sustentável e crítico para um ambiente competitivo.
Ao ser criado, um sistema de conhecimento precisa considerar a compreensão dos cenários político e socioeconômico de cada comunidade/país. O modelo deve levar em conta as pessoas como o ativo principal para investir e formar profissionais globalmente competentes. Em 2015, o Fórum Econômico Mundial avaliou o sistema educacional brasileiro entre os piores do mundo. De acordo com o ranking, o ensino primário ficou em 1290 lugar e o ensino superior, na 126a colocação entre 144 países pesquisados. Esses indicadores reforçam a prioridade do investimento em educação para, de fato, tomar o País uma pátria educada de classe mundial.
O contexto educacional compreende cinco sistemas: educação básica (da pré-escola ao ensino superior); para ensino e pesquisa (programas de Mestrado, Doutorado); técnica e profissional; e educação cidadã e Global Education. Define-se essa última como ‘o desenvolver a capacidade de entender o mundo, respeitá-lo e atuar para mudá-lo para melhor, seja como cidadão, líder ou empreendedor’. Esses sistemas, no modelo brasileiro, têm responsabilidades divididas entre os governos Federal, Estadual e Municipal, ou inexistem no currículo, como são os casos de educação cidadã e global education.
É essencial que o modelo tenha um ‘núcleo de produtividade e inovação’. Esse núcleo deve dispor de uma plataforma de conhecimento global que compreenda as melhores práticas em gestão e processo educacionais, metodologias, sistemas, programas de treinamento. Ele precisa realizar pesquisas globais e locais, obter indicadores para identificar gaps e desenvolver planos para superar as deficiências.
O modelo deve possuir recursos tecnológicos, laboratórios e unidades educacionais de classe mundial para a realização de estudos e pesquisas. O núcleo terá como objetivos criar padrões para os centros educacionais do país e sinergia entre os sistemas educacionais. Trata-se de um modelo adotado pelas nações mais bem avaliadas em educação no mundo.
A rede de aprendizado global, o núcleo de produtividade e inovação e os centros educacionais de classe mundial são os principais diferenciais do modelo. Para que ele seja viabilizado, precisa-se fazer uma reengenharia no sistema educacional do país e ter a liderança de um presidente da República que priorize a educação.
O empresariado poderá ser incentivado e motivado a criar institutos e fundações para cooperar com o objetivo do projeto e transformar o país numa ‘Pátria Educada’. Assim, formaríamos cidadãos globais num prazo que o processo de globalização exige, com capacidade para competir mundialmente.
Eduardo Carvalho, diretor da ABA Global Education